domingo, 15 de março de 2009

Carta aberta ao Dr. João Oliveira


Exmo. Senhor,

Tal como Vexa., também eu estive no passado dia 21 de Fevereiro na Assembleia Figueirense, aguardando o resultado do escrutínio eleitoral para os órgãos sociais da Federação Portuguesa de Remo, tendo em vista o ciclo olímpico agora iniciado.

Tal como Vexa., também eu integrei uma candidatura legitimamente apresentada, tendo em vista assumir responsabilidades directivas na FPR para o próximo mandato.

Tal como Vexa., também eu reuni as condições legalmente exigidas para me poder candidatar, tendo o meu termo de aceitação e restante documentação pessoal sido devidamente apreciados e aceites pela Comissão Eleitoral.

Tal como Vexa., também eu subscrevi um programa de acção e um projecto eleitoral, integrado numa candidatura que foi identificada como Lista A e que publicamente se apresentou à massa associativa da FPR, para com ela analisar e trocar ideias sobre aquelas propostas e sobre a vida futura federativa, para finalmente nos sujeitarmos ao sufrágio associativo.

Tal como Vexa. provavelmente o fez, também eu tive o cuidado de estudar atentamente os estatutos e demais regulamentos da FPR para, em consciência, me poder candidatar a um cargo directivo.

Tal como Vexa., segundo suponho, ao candidatar-me a um órgão directivo da FPR não me movem quaisquer outros interesses que não sejam o gosto pelo desporto e pelo movimento associativo e a vontade de contribuir cívica e pessoalmente com os meus conhecimentos e experiência, para a promoção, desenvolvimento e gestão de uma Federação pela qual tenho especial apreço.

O acto de impugnar um processo eleitoral é um direito que assiste a todos aqueles que se submetem a um sufrágio legalmente conduzido e organizado e com o qual se pretende expressar o desacordo pelos resultados obtidos, sendo que esse desacordo se deverá basear em dados e factos que indiciem ilegalidades processuais, administrativas ou estatutárias.

Assim, Sr. Dr. João Oliveira, não fiquei surpreendido quando tomei conhecimento de que V. Exa. tinha apresentado ao Presidente da Comissão Eleitoral da FPR uma reclamação sobre o acto eleitoral de 21 de Fevereiro e respectivo pedido de impugnação. Como atrás refiro usou V. Exa. do direito que legal e estatutariamente lhe é devido.

Mas, Sr. Dr. João Oliveira, quando tomei conhecimento da carta aberta dirigida a “TODOS OS CLUBES E ASSOCIAÇÕES DO REMO PORTUGUÊS” não pude ficar indiferente à forma despropositada, descontextualizada, deselegante e ofensiva, direi mesmo, grosseira, como a mesma está redigida e ao seu teor.

Tem V. Exa. todo o direito de reclamar e de impugnar. É ponto assente e não se fala mais nisso. Serão os órgãos competentes a apreciar as razões evocadas e a dar ou não provimento ao pedido.

Não me compete a mim advogar a defesa da anterior Direcção, com quem aliás mantive excelentes relações institucionais durante o tempo em que também eu assumi responsabilidades directivas numa outra federação. Fico, é verdade, impressionado e chocado com a terminologia usada por V. Ex.ª quando, para sustentar críticas e reparos à anterior gestão, em vez de utilizar dados objectivos, se limita a aplicar um discurso de tão baixo nível que mais parece a verborreia de um típico condutor de “tipóias”, que não a de um dirigente desportivo, a quem se reclama elevação, postura e fair-play.

Mas há mais, Sr. Dr. João Oliveira. V. Ex.ª, não se limita a atacar, insultar e denegrir a anterior Direcção, permite-se mesmo de forma incompreensível a fazer juízos de valor e a ofender todos os elementos que integram a Lista A e na qual eu me incluo.

Quando neste seu comunicado refere “…a chamada “continuidade” teve muita dificuldade em fabricar os apoios que julgava suficientes para permanecer no lugar…”, está V. Ex.ª a atingir directamente todos que de boa fé, por amor à causa e por espírito de bem servir o desporto e o Remo, se uniram numa candidatura subordinada ao lema “Mais qualidade na continuidade”.

Mas como se não bastasse todo este desvario, quem sabe se não provocado por uma síndrome de mau perder, o seu último comunicado (Carta Aberta ao Presidente em exercício da Federação Portuguesa de Remo), atinge as raias do intolerável quanto a ofensas pessoais e tentativa de denegrir a imagem e ferir a dignidade de quem pública, aberta e entusiasticamente tem dado a cara pelo Remo.

Em sede própria, a massa associativa, deverá julgar a gestão efectuada, o que aliás aconteceu quando da aprovação do Relatório de Actividades e Contas na última Assembleia-geral.

Não fiz parte da última Direcção, mas ao aceitar integrar uma equipa liderada por Rascão Marques, é porque reconheço nele qualidades cívicas, desportivas e directivas nas quais me revejo e me sinto comprometido. Não posso pois tolerar as calúnias, as difamações e as ofensas, que de forma tão baixa e repugnante lhe são dirigidas.

Não sei se V. Ex.ª a mim me conhece. Eu não o conheço si.

Não posso pois compreender, nem aceitar, nem admitir, ser catalogado por V. Ex.ª como o faz neste seu último comunicado “…a si e aos curiosos que formam o seu grupo…”. Esta forma deselegante de se dirigir, enquanto membro de uma candidatura, aos membros de outra candidatura oponente, é no mínimo reveladora da falta de princípios éticos, da falta de espírito desportivo e associativo e mesmo, da falta de princípios democráticos que porventura V. Ex.ª apregoa, mas não pratica.

Neste mundo do associativismo desportivo, tal como em tudo na vida, aliás, é necessário sabermos conviver com a diferença de opinião, respeitando todos aqueles que de forma clara e frontal se apresentam para connosco disputar o eleitorado, sujeitando-se ao sufrágio democrático. Tudo isto sem no entanto nos demitirmos, como é óbvio, do legítimo direito de reclamar, de contestar e mesmo de apontar irregularidades que por ventura se verifiquem. Mas, senhor Dr. João Oliveira tudo isso está há muito previsto e existem os canais próprios para o fazer, sem recorrer a métodos e a processos que só deslustram quem os faz e os pratica. Esses sim, mancham o bom nome e a imagem de uma modalidade que, acredito, todos muito estimamos e apreciamos. Trazer para o remo métodos que assentam a sua eficácia na ofensa pessoal, no boicote às actividades e na ameaça de violência física, fazem-me lembrar, senhor Dr. João Oliveira, os velhos tempos de instabilidade social, característicos do PREC, de tão triste memória e que eu sempre repudiei.

Vamos todos fazer um esforço para que o remo e a Federação Portuguesa de Remo saiam prestigiados e dignificados.


Cascais, 13 de Março de 2009

António Neves, TCor

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

+ QUALIDADE NA CONTINUIDADE

LISTA CANDIDATA AOS ORGÃOS SOCIAIS DA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE REMO (QUADRIÉNIO 2009/2012)


ASSEMBLEIA GERAL
Dr. João Eduardo Dias Madeira Gouveia – PRESIDENTE - SOURE
Prof. Armando Freire - 1º SECRETÁRIO – LISBOA
Sr. Armando Alves Fernandes Loureiro - 2º SECRETÁRIO – VIANA DO CASTELO
Sr. Mário Jorge Ribeiro Jesus - SUPLENTE – SETÚBAL
Sr. Luis Painço - SUPLENTE - SESIMBRA

PRESIDENTE
Sr. António João Rascão Marques – FIGUEIRA DA FOZ

DIRECÇÃO
Dr. Rui Daniel Amaro Xavier Mourinha – VICE-PRESIDENTE - LISBOA
Ten. Cor. António Manuel Pereira Neves – VICE-PRESIDENTE – CASCAIS
Dr.ª Carla Maria Moura Andrade – VICE-PRESIDENTE – SOURE
Dr.ª Daniela Maria da Conceição Moreira – VICE-PRESIDENTE – FIGUEIRA DA FOZ
Sr. Carlos Daniel Paz C. Bispo – SECRETÁRIO - SETÚBAL
Dr.ª Maria Joana Caldas Ferreira - TESOUREIRA – MIRA
Sr. António Martins Rodrigues – SUPLENTE - CAMINHA
Sr. Fernando Alberto Vaz Ferreira – SUPLENTE – COIMBRA
Sr. Manuel Paiva Ribeiro – SUPLENTE – PINHAL NOVO

CONSELHO FISCAL
Dr. Horácio André Antunes - PRESIDENTE – COIMBRA
Sr. Hugo Filipe Gariso Ferraz Silva – RELATOR – FIGUEIRA DA FOZ
Sr. António Alves Tunes - RELATOR - RÉGUA
Dr. Emília Leal Carvalho – SUPLENTE - SOURE
Dr.ª Maria Inês Nunes – SUPLENTE - LEIRIA

CONSELHO JURISDICIONAL
Dr. Alcídeo Manuel Martins Mateus Ferreira - PRESIDENTE - COIMBRA
Dr. Manuel Fernando Rascão Marques - CONSELHEIRO – FIG. FOZ
Dr. Alcídeo Manuel de Frazão Rodrigues Mateus Pereira – CONSELHEIRO - COIMBRA
Dr.ª Susana Cardoso – SUPLENTE – COIMBRA
Dr. João Pedro Lopes – SUPLENTE – CANTANHEDE

CONSELHO DISCIPLINAR
Dr. Frederico Jorge – PRESIDENTE – POMBAL
Dr. Tiago Castelo Branco – CONSELHEIRO - FIGUEIRA DA FOZ
Dr. Bruno Rafael Henriques Alves dos Santos – CONSELHEIRO - COIMBRA
Dr.ª Édna Salgueiro – CONSELHEIRO - POMBAL
Dr. Alexandre Nuno Marques da Silva – SUPLENTE - COIMBRA

CONSELHO DE ARBITRAGEM
Sr. José Manuel Esteves – PRESIDENTE - VALENÇA
Sr. Rui Carlos Santos Almeida Faria – 1º SECRETÁRIO - SETÚBAL
Prof. Rui Jorge Palhoto Lucena - 2º SECRETÁRIO - MAFRA
Eng. Rosa Maria Monteiro de Oliveira Simões – SUPLENTE – FIGUEIRA DA FOZ
Sr. Nuno Miguel Dias Simões – SUPLENTE – FIGUEIRA DA FOZ

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

domingo, 25 de janeiro de 2009

ENTREVISTA DE RASCÃO MARQUES AO SITE LASTSTROKE

24 Janeiro 2009

Como começou a sua ligação ao remo?

A minha ligação ao remo, começou com a influência dos meus pais e do meu avô materno, pois todos foram remadores, campeões nacionais na sua época, treinadores e dirigentes de clubes, quer em Portugal, quer em Angola.
A minha primeira regata foi feita com 11 anos de idade, em 1966 nos Jogos Luso Brasileiros, no Lobito - Angola, onde venci como timoneiro de um yolle 4 sénior, tendo-me tornado na época o campeão mais jovem do remo português.

O Remo em Portugal não atravessa os melhores momentos, pelo menos em termos associativos e federativos. O que pensa da actual situação e quais as motivações que o levam a recandidatar-se à presidência da FPR?

Não acho que a pergunta esteja bem feita, mas vou responder na perspectiva em que vejo a questão.
Quando se fala em termos associativos, penso que se significa os clubes e as Associações Regionais.
Não vejo que a situação dos clubes seja diferente do que foi no passado, e mesmo num passado longínquo. Todos os clubes passam por momentos bons e maus, ao longo da sua existência, e existem vários factores que contribuem, tais como falta de dirigentes dinâmicos, falta de financiamento, ou devido à situação do país, ou porque a autarquia não está virada para apoiar o desporto investindo noutras áreas, ou porque existem falta de remadores, etc. Estes são alguns dos problemas que encontramos nos clubes. Muitos dos nossos clubes continuam numa dinâmica de subsídio dependência, e infelizmente esta é uma situação que tende a acabar, ou pelo menos a mudar. Hoje ninguém dá nada, sem ter algo em troca. E os dirigentes dos clubes têm que ver a gestão dos mesmos, por outro prisma. Eu sei que as pessoas não são profissionais do desporto, mas então o clube terá que ter pessoal executivo que o faça, segundo as orientações das suas direcções, e têm-se que abrir a todas as formas de desporto, a vários públicos alvos, virados para a sociedade, pois só assim sobreviverão. Os clubes que pensarem só em competição estão condenados ao fracasso.
Quanto às Associações Regionais, e no caso do remo, o problema é diferente.
As Associações Regionais foram criadas pelos clubes, para haver uma dinâmica diferente na gestão do remo em cada região, uma maior optimização dos recursos materiais e humanos, e a abertura de processos de maior desenvolvimento em cada zona. O que é que aconteceu:
As AR praticamente a única coisa que fizeram foram organizar regatas, sendo esta uma forma camuflada de os clubes as deixarem de organizar, e através de verbas dadas pela federação, terem essas regatas sem custos para eles. No princípio as coisas nesta área até resultaram bem, mas ao longo dos anos o nível tem vindo a baixar, até porque em muitos casos há cansaço dos dirigentes das AR, que estão em funções há muitos anos, muitas vezes já desmotivados. Muitos desses dirigentes são dirigentes de clubes, também. E a acrescentar a isto, nunca foi grande preocupação dos dirigentes das AR, procurarem outras formas de financiamento, que não as verbas que vêm da federação, salvo raras excepções, e as mesmas não chegam para aquilo que possivelmente alguns dirigentes gostariam de fazer. E por último, na minha perspectiva não se justifica haver 5 associações regionais no remo português. Mas quem decide se as associações devem acabar ou não são os clubes
Quanto às minhas motivações para continuar à frente da FPR, são várias e simples:

1. Gosto do remo, faço-o por paixão e gostaria de acabar um projecto que comecei e que gostava de deixar consolidado nalgumas áreas.
2. Há projectos que têm que ser seguidos até ao fim, como os centros de alto rendimento, o campeonato da Europa, os programas do QREN, que em associação com várias câmaras municipais, fará o remo beneficiar desses investimentos.
3. O pedido de várias pessoas do remo e de outros organismos desportivos, para que continuasse na federação pelo menos para mais um mandato.
4. O apoio da família para continuar.

Que feitos positivos efectuou a sua direcção da FPR?

Foram vários:

1. Dotar a FPR dos meios materiais para poder executar a sua tarefa. Foram investidos cerca de 400.000€ em todas as áreas, desde AC, Departamento Médico, Remo Sem Limites, Departamento Administrativo, Formação, Informática, Associações Regionais. A FPR não tinha nada de material actualizado nas suas diversas vertentes.
2. Dotar a FPR de infra-estruturas como a construção dos centros de Alto Rendimento, e início da construção de outras pistas de remo em zonas do país onde não existem, tais como Odemira e Ponte de Lima.
3. A reforma do quadro competitivo, que embora seja atacado pelos dirigentes, temos a certeza de que agrada à maioria dos remadores, pois foi a forma dos mesmos terem mais competição a nível nacional, e na distância olímpica. Também foi a forma legal encontrada para financiar mais os clubes.
4. Maior visibilidade da modalidade, não só com o aumento de magazines a passar em vários canais de televisão, assim como mais notícias nos jornais, e também mais entrevistas de gente ligada ao remo.
5. Presença da FPR em todos os organismos nacionais e internacionais, ligados ao remo e não só, passando a nossa modalidade a participar nas decisões que interessam a todos os desportos, e não estarmos sempre numa posição de aceitarmos o que os outros decidem.
6. Mais ligação com a tutela, fazendo-a ver as nossas necessidades. E se mais não foi feito, foi porque não houve tempo e não foi possível atacar todos os sectores.
7. A conquista da candidatura ao Campeonato da Europa em 2010 e da Coupe em 2012, em Montemor-o-Velho.
8. A participação nos JO e JPA.
9. O aumento de remadores federados.

O que poderá fazer num próximo mandato que não fez no actual?

1. Concluir o que ainda não se acabou, como por exemplo os CAR e o resto das infra-estruturas,
2. A questão da sede, onde temos que tomar uma decisão, pois as condições de trabalho cada vez se degradam mais,
3. Melhorar o que está mal no quadro competitivo,
4. Mais Remo sem Limites, em todas as suas vertentes,
5. Melhores resultados na Alta Competição, e mais apoio aos remadores inseridos na mesma,
6. Mais remadores federados, não esquecendo que neste ciclo olímpico aumentámos o número em 22%, sem ressuscitarmos os mortos como já foi feito no passado,
7. Tentar trazer para 2012 o Campeonato do Mundo Sub 23,
8. Tentar ajudar os clubes com novas formas de financiamento, através de programas comunitários,
9. Melhorar toda a arbitragem da nossa modalidade,
10. Abrir a Formação a sectores que têm tido menos acções,
11. Continuar a posicionar gente do remo em organismos onde se decidem os temas do desporto nacional e internacional.

Se pudesse voltar atrás o que mudaria neste seu mandato que agora termina?

Mudaria algumas pessoas que convidei para a minha lista que pouco ajudaram, algumas até complicaram, e teria dado menos confiança a pessoas que pensava serem minhas amigas, e que foram uma desilusão. Abomino a hipocrisia, a traição e a falsidade.

Um Presidente é um líder de uma associação, que comanda uma estrutura onde cada um tem o seu papel. Qual o principal papel do Presidente da FPR?

O Presidente da Federação tem que ser o garante da unidade da modalidade, tem que defender todos de igual maneira, e não entrar nos jogos de influências, para favorecer só alguns, tem que defender os mais pequenos, tem que se responsabilizar pelas coisas boas e más que aconteçam, tem que defender aqueles que trabalham com ele, sejam os profissionais, sejam os benévolos, assumindo sempre as culpas das coisas que corram menos bem, mesmo quando não seja o responsável directo.
Tem que participar no máximo de acções, seja dos organismos oficiais, seja dos clubes e associações, tem que dizer sempre “O REMO ESTÁ AQUI MEUS SENHORES”, mesmo que isso lhe acarrete sacrifícios pessoais.
Tem que saber ouvir, mas tem que ter coragem para decidir, mesmo que isso não agrade a gregos e troianos.
E esta função penso que a cumpri. O que não aceito é que hajam dirigentes, treinadores e atletas, que por terem divergências de opiniões, enveredem pelo caminho do insulto, da mentira e do deita abaixo.
Eu estou no remo por paixão. Não preciso do remo para viver, tenho o meu trabalho, e socialmente antes de já estar neste lugar, já tinha os meus conhecimentos e a minha vida social. O remo só me deu a hipótese de conhecer outras gentes e outros locais, sobretudo pistas de remo, hotéis e aeroportos.
Não estou no desporto para arranjar inimigos. Gosto mais de umas pessoas do que outras, mas respeito todas aquelas que trabalham para a modalidade com desinteresse, aquelas que nunca põem os seus interesses pessoais acima do interesse nacional. E infelizmente também na nossa modalidade temos gente que não pensa assim.

Quais os 3 pontos que considera como mais cruciais nas suas estratégias para as diferentes vertentes de remo de Formação, Lazer e Competição?

No remo de formação, devíamos criar um sistema, menos competitivo, mais lúdico onde os jovens vêm aprender a modalidade, sem o estigma de terem de ganhar, mas sim para gostarem de estar nos clubes e gostarem daquilo que fazem. A competição aqui deveria ter mais um aspecto de brincadeira do que de campionite. Também devíamos ter embarcações apropriadas a estes jovens, e obrigar nestas categorias a que todos tivessem o mesmo tipo de material, para diminuir as desigualdades. Temos há três anos um programa de apetrechamento na tutela, para que os clubes em Portugal se possam apetrechar nesta área do remo jovem, bem como no lazer.
No remo de lazer, a criação de um circuito de descidas de rios, com apoios das autarquias, onde o objectivo além de trazer mais gente para a modalidade, seria proporcionar a todos os que querem e precisam, uma actividade física que serviria de prevenção até para as doenças, sobretudo para a população mais idosa. Seria também uma forma diferente de fazer turismo e de venda de um produto chamado remo.
Para a competição, será melhorar o quadro competitivo, defender os remadores que fazem nos diversos campeonatos diversas provas, sem se olhar na minha opinião aos perigos que isso pode trazer para eles mesmos.
Diminuir os tempos de duração que habitualmente temos nos diversos campeonatos, que sendo longos, acabam por afastar todos os possíveis espectadores que neles podiam estar interessados.
Os espectáculos têm que ser mais apetecíveis, para atraírem público, para isso temos que continuar a melhorar o nível dos eventos e suas organizações.

A selecção e Portugal deverão ter um modelo técnico, tendo esse modelo de ser adoptado pelos clubes?

Sim penso que deve existir um modelo técnico no remo nacional e que o mesmo deve ser seguido por todos os clubes.
Ao longo dos tempos muita coisa já foi tentada, mas nunca funcionou, pois à boa maneira portuguesa, para quem propõe, as dificuldades são enormes, pois para aqueles que deveriam seguir tal modelo, o que propõe não percebe nada do que está a propor, e portanto não fazemos o que ele diz. Chama-se a isto inveja, deitar abaixo e egocentrismo. E isto tanto se passou com treinadores portugueses, bem como com os estrangeiros que por cá passaram, e que foram responsáveis pela AC.

Face aos resultados internacionais e ao descontentamento geral dos atletas seleccionados pensa manter a mesma equipa técnica?

Quanto à equipa técnica tudo está em aberto neste momento, até a vinda de um técnico estrangeiro, havendo já contactos para isso.

A formação de treinadores pela FPR tem sido alvo de algumas críticas. Considera o modelo de formação adequado? Não deveria haver maior aposta na formação dos treinadores portugueses?

A nossa formação é reconhecida pelo IDP como uma das melhores a nível nacional. O modelo que está a ser seguido tem o aval do IDP e da própria FISA. Poderá ser melhorado, na sua forma, no tempo de duração, haver mais prelectores, mas há coisas que temos de seguir e para as quais não podemos fugir.
O que não podemos cair é num sistema de facilitismo e de mediocridade. A exigência nunca fez mal a ninguém, a não ser àqueles que não querem trabalhar seriamente.
Quanto à pergunta se não deveria haver maior aposta na formação de treinadores portugueses, não a percebo. Quem é que nós formamos? Não são os portugueses?

Depois do Europeu de 2010, Portugal tem potencialidade e capacidade para organizar um CM?

Acho que sim. Só custa fazer o primeiro, e é importante que Portugal continue a apresentar as candidaturas a esses campeonatos. Penso é que devemos dar um passo de cada vez, e organizarmos outros campeonatos do mundo antes do mais importante que é o dos seniores.
Contudo e para quem estiver a gerir a federação, penso que podemos nos candidatar a um campeonato do mundo sénior para 2015/2016.

Qual a sua opinião sobre o Laststroke? E que importância e posição considera ter no remo em Portugal?

O Laststroke, como qualquer site ou blogue, é muito importante na área da sua especialização, no que à informação diz respeito. Deve ter uma posição de isenção e não tomar partido por ninguém. Ser jornalista, é dar notícias, é fazer análise e investigação, e o que deparo muitas vezes é que no jornalismo vêem-se notícias perfeitamente falsas, sem que os atingidos nunca tenham sido ouvidos, e muitas vezes sem oportunidade de contra resposta. É o que chamo jornalismo sensacionalista mas ao mesmo tempo medíocre, o jornalismo do bota abaixo.
Confesso que não acompanhei todo o tempo de existência do vosso site, mas o que vi não me pareceu mal, e espero que continuem na senda de melhorarem, pois informação séria na nossa modalidade é muito importante e precisa.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009